segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dia das crianças...

Dia das crianças...

O que representa o dia das crianças? Mais um dia para se ganhar presentes? Aliás, alguns, não é?
Pois uns ao relento estão, sem tento, sem alimentação, sem o básico para se viver dignamente.
Vive miseravelmente, em condições deploráveis. "Feliz dia das crianças", a criança das ruas ouve. Mas não é pra ele, não é. É para um menino de cabelos loiros e roupas impecavelmente lindas e limpas. Ele está saindo de uma loja, provavelmente com sua mãe e seu pai. Filho único, unicamente mimado, mas pouco amado. A vendedora disse "Feliz dia das crianças", o loirinho saiu, um sorriso meio amarelo, sem muito entusiasmo. "Feliz? Só se for pelo fato de ganhar esse brinquedo, mas logo essa felicidade passa..."

O menino de rua, olhando o lindo embrulho que o outro carregava, sentiu um nó se fazer em sua garganta.
"Por que era pobre, por que vivia em condições tão miseráveis?", essas e tantas outras perguntas davam voltas e voltas na cabeça do pequeno.
A mãe do menino, que também esmolava, o acarinhou a cabeça e disse:
- Não fique triste, meu filho. Não fique triste... Ficaria muito feliz se eu pudesse comprar pra você um presente, mas eu não tenho condições, mal temos comida pra comer. Me perdoe, meu filho... me dói ver você assim...
- Ah, mãe... eu queria muito mesmo um brinquedo hoje, mas eu sei que a senhora não pode. Pelo menos eu tenho você, mãe. Você e os meus irmãos...
- Isso mesmo, filho. Me enche de alegria você entender a nossa situação e não se revoltar contra mim e o mundo.

O menino rico chega em casa. E que casa!
Os pais resolvem jantar fora, mas não levam o menino, pois querem aproveitar o feriado de forma romântica. Esqueci de lhes dizer que são pais nada exemplares. Pensam que educar é ter babá, pagar colégio caríssimo para o filho e dar-lhes muitos presentes valiosos. O menino só quer atenção, só quer amor, só quer compreensão. Pobre criança, aliás, rica, mas pobre criança... todos os seus amiguinhos, ou parte deles, têm pais amáveis e que passam mais tempo com eles. Pais que brincam de carrinho sempre quando podem com seus filhos, mães que brincam de casinha sempre que têm um tempo livre. Pais que interagem com os filhos, crianças que se sentem amadas, de verdade. Crianças que têm motivos para sorrir e ser feliz.
Do outro lado da cidade, na parte periférica, o menino pobre, tentando driblar o frio e a fome, abraçava seus irmãos e a mãe. Ele, no ímpeto, pensou "Deus, se eu pudesse ter uma casa, comida, toda essa coisa de gente chique, eu ficaria muito, muito feliz. Mas, Deus, eu sei que as coisas vão melhorar, sei que o Senhor vai me ajudar. Minha mãe é uma mulher boa, batalhadora, cuida da gente da melhor forma que pode. E, olha, Deus, vou ajudá-la da melhor maneira que eu puder, prometo!"
Depois disso, caiu num sono, sonhou com o menino loiro, chorando num canto de seu quarto cheio de brinquedos.
Ele dizia "Ei, menino, você não é pobre não. Eu sou mais pobre do que você, sabia? Meus pais não pensam em mim, não gostam de mim, vivem pros seus trabalhos, preocupados com eles mesmos.
A babá é quem cuida de mim, que é minha mãe, meu pai e tudo pra mim, mas sinto que ela não faz por me amar, por gostar de mim. Faz porque sabe que ganhará o salário no final do mês.
Olha, você pelo menos tem uma mãe que cuida de você e gosta de você.
Se eu pudesse, traria vocês pra morar aqui em casa. Você e sua família.
Assim eu teria uma mãe de verdade, vários irmãos e a gente seria feliz."



A união, a base, o amor e a dedicação dos pais constroem os seus filhos, os formam de alguma forma.

A fase de criança...
Ah, é a fase que tem que ser a mais gostosa e mais despreocupada da vida.
Criança quer brincar, quer aprender, quer se sentir querida, quer respeito, quer atenção, quer educação, quer ser criança.

E vocês, caros leitores, como foram suas infâncias?
Ainda sentem que têm espíritos infantis em vocês?
Espero, do fundo do coração, que sim.
Não deixe a criança em vocês morrerem.
Que a inocência e a vontade de aprender, de se surpreender com os pequenos detalhes da vida nunca se percam por completo.

Feliz dia das crianças, de verdade!

(Erica Ferro)

3 comentários:

Ana Filipa Silva disse...

Eu disse que acabarias por fazer um texto maravilhoso! ;D

Respondendo à pergunta do final do texto, a minha infância foi vivida muito depressa, sempre fui muito madura e adulta, do modo que dispensava um brinquedo para ler um livro, trocava desenhos animados por um bom documentário, tinha conversas com as pessoas adultas que as deixavam de boca aberta...
Penso que agora sim é que estou a viver a minha "infância", divertindo-me de verdade, aproveitando a vida da melhor forma possivel (e espero que esta fase não passe nunca...)

Beijão ;*

Adoro-tééé <3

Ana Seerig disse...

Texto maravilhoso, como sempre!

Não tenho muito a dizer, tu disse tudo.

Minha infância?? Fui uma criança terrível, nãoa parava nunca! Sempre cheia de machucados e roxos, tantos que meu pediatra pediu pra mim fazer exames, porque achou que os roxos fossem Leocemia! ashaushausha
Pra falar a verdade, de vez em quando ainda me aparece um roxo que não sei de onde veio ou faço alguma traquinagem por ai... ahsuahsau


Bjo

Anônimo disse...

Parece sinceramente que as pessoas se esquecem que as crianças, como qualquer outra pessoa, não precisa só de brinquedos, mais de AMOR,CARINHO, tudo relacionado com os nossos sentimentos. Foi uma bela estória para alertar sobre os maus que nos aflige. Falta de carinho e pobreza. Mas tudo se torna melhor quando se tem amor.